Taxa Selic alta, surgimento de novas proptechs, ESG e inovações tecnológicas prometem definir o setor este ano

2021 foi marcado pela alta da Selic depois de cerca de quatro anos em queda. Para 2022, a previsão é passar por novas altas e atingir, ao final do ano, a mediana de 11,50%, segundo projeção do Relatório de Mercado Focus, do Banco Central ― o que consequentemente impacta o mercado imobiliário. Isso porque, se a Selic seguir em elevação, o valor da taxa de financiamento de imóveis e aluguéis aumenta.

Apesar disso, para Kristian Huber, co-fundador e vice-presidente de negócios da Loft, “a demanda por compra e venda de imóveis seguirá sendo uma forte tendência por parte das pessoas em 2022”, diz em entrevista à Casa Vogue. O motivo? “O mercado imobiliário é um investimento sólido, é uma classe de ativos consolidada e o imóvel residencial no Brasil sempre foi uma reserva de valor. Ou seja, se houver uma crise muito grande, o imóvel estará lá”, afirma.

A previsão de Huber vai ao encontro dos dados de 2021 em que as vendas de imóveis novos registraram aumento de 46,1% no primeiro semestre, de acordo com balanço divulgado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). “O mercado imobiliário foi o que se recuperou mais rapidamente dos reflexos da pandemia nesses quase dois anos. Então nossa expectativa é de que, em 2022, tenhamos a continuidade desse movimento, com novos empreendimentos sendo lançados”, conta José Augusto Viana Neto, presidente do conselho regional de corretores de imóveis de São Paulo.

Do ponto de vista de locação, “em 2022 as pessoas devem procurar imóveis de um quarto próximos aos transportes públicos”, afirma Admar Cruz, diretor do QuintoAndar. “O ano passado terminou com altas consecutivas no preço do aluguel, o que indica que o mercado está ganhando tração. (…) De acordo com Índice QuintoAndar de aluguel, no Rio de Janeiro, o preço médio do metro quadrado superou o patamar registrado na pré-pandemia. Em São Paulo, o valor médio ainda está 7,8% abaixo, mas 40% dos bairros já estão acima do registrado antes da crise sanitária. Para este ano, a perspectiva é de continuidade desse movimento nessas cidades”, diz Cruz.

E as startups neste cenário?

Em 2021, as proptechs, startups do mercado imobiliário, ganharam destaque, com volumes recordes de aporte. Para 2022, por conta do cenário econômico brasileiro ―  com a alta de juros ―, “o ponto de atenção é que os investimentos de alto risco passam a não ser tão interessantes para os investidores tradicionais”, diz à Casa Vogue Raphael Augusto, sócio-diretor de produtos e inteligência de mercados da Liga Ventures, hub que faz ponte entre startups e grandes empresas.

“No entanto, analisando a evolução do cenário e o quanto as pessoas e os fundos estão se mobilizando para conseguir captar mais capital para investimento nesse tipo de negócio, a gente ainda deve ver um movimento contínuo de crescimento em aportes neste ano”, conta Augusto. O interesse acontece porque “o mercado começou a entender que esse tipo de desenvolvimento de negócios pode trazer um retorno interessante para a carteira dos investidores”, completa.

Prova disso são as proptechs que atuam na experiência de aluguel, compra e venda como o QuintoAndar e a Loft. “Elas mostram o quanto esse movimento é interessante aqui no Brasil e o quanto estava defasado de oportunidades”, afirma Augusto.

Novas proptechs
Segundo o sócio-diretor da Liga Ventures, novas proptechs vão surgir neste ano, mas não para concorrer diretamente com grandes players como QuintoAndar e Loft. Serão voltadas “para sistemas de gestão de condomínios, pontos de venda remotos e minimercados”, conta o especialista.

Fusões e aquisições
Neste ano, as fusões e aquisições devem continuar, mas com ressalvas: “é importante analisar o cenário de empreendimentos no Brasil. [As proptechs] estão crescendo, mas ainda existem algumas barreiras para que os empreendedores consigam construir negócios relevantes. Barreiras de capital, por exemplo” Ou seja, para fechar negócios vai depender de que “todos os atores desse ecossistema de inovação enxerguem a importância de estimular o nascimento das startups. (…) A Soft Bank é um exemplo que construiu um fundo com alguns bilhões de dólares focados somente em empresas na América Latina”, diz o especialista.

Tendência do mercado imobiliário para 2022

Minicidade dentro de condomínio, com espaço para morar e trabalhar
Não é segredo que, durante o período de isolamento social, passamos muito tempo dentro de casa. Esse hábito acendeu a tendência do modelo de trabalho híbrido ― mistura entre o home office e o escritório ― e deve impactar o mercado imobiliário neste ano.

Por quê? Faz com que as pessoas não precisem morar perto do local de trabalho e busquem um imóvel que comporte o home office e seja adequado às suas necessidades. Como condomínios com coworking, loja de conveniência e lavanderia compartilhada. “O aumento por conveniência e autoatendimento é algo que vai ganhar ainda mais força neste ano. O impulso vem dos minimercados dentro de condomínios que começaram a crescer [em 2021]”, diz Augusto.

Fonte: Casa Vogue

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